FACISC é contra tributar investimentos como forma de compensar o aumento do IOF
Em meio à crise econômica, consumidores brasileiros priorizam cuidados home care e produtos acessíveis, enquanto salões e estúdios sofrem queda de demanda.
O chamado “Índice do Batom” — termo criado por Leonard Lauder, então presidente da Estée Lauder, no início dos anos 2000 — refere-se à observação de que, durante períodos de crise econômica, a venda de batons tende a aumentar. A teoria sugere que, diante de incertezas financeiras, os consumidores trocam grandes investimentos por pequenos luxos que ajudam a elevar a autoestima e mantêm o vínculo com o autocuidado.
Segundo a empresária e estrategista da área da Beleza, Thaís Giraldelli, que atua em mercados internacionais e nacionais no setor de beleza, essa teoria segue atual. “O ‘índice do batom’ é muito mais do que uma curiosidade do mercado: ele simboliza o desejo de manter a autoestima mesmo em tempos difíceis”, explica Thaís. “Quando as pessoas deixam de comprar produtos de alto valor ou serviços caros, elas buscam algo mais acessível, mas que ainda traga a sensação de cuidado e prazer — e é aí que entram os pequenos luxos como batons, máscaras e produtos home care.”
No Brasil, essa dinâmica tem se intensificado nos últimos meses. Thaís Giraldelli observa que, pela primeira vez, o mercado de serviços de beleza — normalmente considerado resistente — está sofrendo quedas consistentes na demanda. “A crise chegou de forma real à área de serviços, como estúdios e salões de beleza. O cliente está cortando gastos e priorizando o que pode fazer sozinho em casa”, analisa.
Em contrapartida, o consumo de produtos home care, como cremes, máscaras de tratamento, séruns e itens para autocuidado, tem crescido de maneira expressiva. Thaís destaca: “As pessoas ainda querem se sentir bem, mas agora estão buscando alternativas mais econômicas. Os rituais de autocuidado em casa ganham força, e as empresas de cosméticos têm a oportunidade de se conectar com esse consumidor que quer praticidade e resultado sem sair de casa.”
Ela reforça que essa mudança é um sinal de que a indústria precisa se adaptar, encontrando novos caminhos para reconquistar o público que, neste momento, prefere o home care. “É um momento desafiador para os profissionais e espaços de beleza, mas também uma oportunidade para as marcas de produtos se destacarem com soluções que atendam a essa nova realidade.”
Ela acrescenta que, para quem atua no setor, o momento pede criatividade e adaptação: “Os estúdios e salões que conseguirem oferecer experiências diferenciadas e mais personalizadas devem se recuperar primeiro. Já as marcas de produtos de beleza que conseguirem manter a qualidade e a inovação vão seguir crescendo, mesmo nesse cenário desafiador.”
Mais sobre Thaís Giraldelli: @thaisgiraldelli